Mês: julho 2009

Descrevendo um amiguinho

Minha irmã e suas amigas tem sérias dificuldades em descrever as pessoas. Por exemplo, a corversa que ela teve outro dia com uma das meninas:

_ Você é da turma do Guilherme, não é?

_ Que Guilherme? Tem, tipo, uns três Guilhermes na minha turma, qual deles?

_ Sei lá, o Guilherme, ué!

_ Ele é meio alto e magro?

_ Não.

_ Ele é meio gordinho e meio moreno?

_ Não.

_ Então é o Chiquinho! Eu estudo com ele sim.

Quando ela me contou essa história, eu, na minha humilde ignorância perguntei se não seria mais fácil se ela tivesse descrito logo o menino para a amiga, ao invés de esgotar todas as possibilidades primeiro. E se tivessem 17 Guilhermes na sala dela? E minha irmã, no auge de sua sabedoria me responde:

_ Mas é impossível descrever o Guilherme! Ele tem um cabelo castanho normal, meio curto, mas não é careca. Não é alto nem baixo. Gordo nem magro. O olho dele é de uma cor insignificante, não tem nenhuma característica marcante, tipo uma pinta gigante no meio da cara. A culpa é minha? Foi muito mais rápido desse jeito.

Então tá, né.

Para que serve o Twitter?

Você tem um Twitter? Vai dizer que ninguém te fez essa pergunta nas últimas duas semanas? A sua resposta é não? Como assim você ainda não faz parte dessa ferramenta indispensável da internet dos dias de hoje? Até o José Serra tem um Twitter, sabia? Não sabe quem é José Serra? Isso é outra história…

Como pioneira na arte de twittar que sou (meu olhar vanguardista não está restrito ao departamento das galochas, viu, quando eu fiz meu perfil, os brasileiros ainda não eram a maior população do site), acabei fazendo com que alguns amigos a aderissem a moda e a coisa que sempre me perguntam é pra que cargas d’água serve esse tal de Twitter?

Primeiro, se você é stalker de alguém não há nada melhor que o Twitter. Dá pra saber a que horas a pessoa que você vigia vai a padaria para poder (como quem não quer nada) esbarrar nela (por pura conhecidência). Olha que prático!

Além disso, seguindo as pessoas certas, você recebe notícias do mundo todo em primeira mão. Você viu no plantão da Globo que o Michael Jackson morreu? Meia hora antes disso no Twitter não se falava se outra coisa.

Mas a principal função do Twitter é fazer bem pra sua auto-estima. Vai dizer que não faz você se sentir melhor saber que 50 pessoas que você nunca viu na vida acham a sua rotina tão interessante a ponto de querer tudo o que você faz e pensa? Pra mim super funciona!

Então, está esperando o que? Vai lá, se inscreve no Twitter, e , se não tiver nada pra falar, recomenda o blog dessa que vos fala, e quando você estiver cheio de seguidores desconhecidos a gente conversa.

Ser diferente é normal (ou deveria ser)

Não entendo esse desejo que a maioria das pessoas tem de ser só mais um na multidão, ser igual a todo mundo, seguir as convenções.

Qual o problema se eu quis sair na foto do convite da minha formatura de beca e All Star? Qual o problema se eu prefiro usar galochas xadrez de plástico a me molhar inteira quando chove? O que tem de errado em catar as cebolas do meu Cheddar McMelt? O que eu posso fazer se na hora de praticar um esporte eu preferi caratê às aulas de balé? E daí se eu prefiro ficar em casa vendo TV a passar o dia na praia lotada, besuntada de bronzeador torrando sobre o sol de verão?

As pessoas dizem que eu sou estranha só porque eu escuto uma banda chamada Móveis Coloniais de Acajú. Tem certeza que a estranha sou eu? Essas mesmas pessoas gostam de Chiclete com Banana, de ir a micaretas para serem agarradas por desconhecidos, onde todo mundo é obrigado a usar a mesma blusa (geralmente de uma cor medonha) para ouvir pérolas da música brasileira como a “Dança da manivela”, todas repletas de repetições de vogais a cada refrão. Essas mesmas pessoas vão todo final de semana a bailes funk onde o público em geral veste peças de roupa que costumam ter mais ou menos um palmo e se chacoalham ao som de “catuca lá no fundo…”.

Por essas e outras eu prefiro ser a amiga que só é convidada para ir ao cinema, enquanto o rock não volta a moda e continuar na vanguarda das tendências, mesmo que as pessoas só me levem a sério 6 meses depois.

No ônibus…

Quero propor uma aposta. Sabe tudo de errado que pode acontecer com uma pessoa quando ela está andando de ônibus? Toda e qualquer desgraça que possa se abater sobre uma pessoa quando ela se encontra num coletivo? Pois eu aposto dois periquitos amarelos, um saquinho de sementes de ervilha e meia queijadinha que já aconteceu comigo.

Por exemplo, num belo dia de verão decidi ir em pé do centro do Rio até Campo Grande, na hora do rush do trânsito, com o ônibus lotado, porque uma orda de baratinhas resolveu se reunir num resto de uva que algum porco mal educado resolveu “esquecer” no cantinho do banco em que eu estava sentada.

Você algum dia já perdeu uma prova porque o ônibus quebrou no meio do caminho? Eu já. E para melhorar o meu dia o ônibus que eu peguei na volta pra casa quebrou também. Teve um dia até melhor que eu peguei um ônibus, ele quebrou, tive que pegar outro, que acabou quebrando também! Sério mesmo!

Teve uma outra vez que eu sai de casa até mais cedo, só pra conseguir um lugar na janela pra não ter aquela gente estranha que não toma banho de manhã se esfregando e jogando bolsas em mim quando eu sento no corredor. Mas não é que a mulher que sentou do meu lado de repente disse que estava passando mal, pediu que eu trocasse de lugar com ela e passou todo o trajeto com a cabeça para fora da janela vomitando e a bunda na minha cara.

Posso garantir que se alguma coisa pode dar errado num ônibus, já conteceu comigo. Motor pegando fogo? Já.  Gente que cantarola no meu lado? Já. Gente que dorme, ronca e vai caindo em cima de você? Já. Gente com perfume ruim? Já. Gente sem perfume (quando está super precisando)? Já. Gente que gosta de conversar (mesmo quando você está com fones de ouvido)? Já. Pegar ônibus errado e ir parar na favela? Já. Ar condicionado quebrado em ônibus em que as janelas não abrem? Já. Ônibus com goteira? Já. A sua cadeira é a única que não reclina? Já. Pastor pregando? Já. Brigar o o garoto que veio incomodar o conforto e o silêncio da sua viajem porque você não queria comprar a bala que ele estava vendendo? Já!

Vai, o que você prefere? Andar de ônibus tranquilamente ou dois periquitos amarelos, um saquinho e sementes de ervilha e meia queijadinha?